A Reforma Protestante e a retórica destrutiva dos revolucionários



Hoje é o dia da Reforma Protestante. Do século 16 para cá muitas coisas mudaram em todos os ambientes, mas especialmente no da teologia cristã. Não fosse a ruptura, o protestantismo nasce como um movimento sempre reformável dado a sua natureza dispersiva. Tão dispersiva no sentido de fragmentação teológica, que não se sabe mais se o que temos aí nos novos fenômenos – como o neopentecostal por exemplo- seja algo a que se possa vincular as origens do protestantismo. 

Porém, nada é mais retórico e politicamente correto que aqueles que pregam uma revolução como sendo algo de maior valia sobre a reforma, como se ela, a reforma, nada houvesse contribuído para a civilização. Embora ela tenha contribuído muito, não só na economia, força de mercado e culturas populares, mas também na construção de novas linhas de pensamento.  

Não acredito em revoluções que não respeitem boas tradições. Revoluções que não tratam às tradições em seu devido lugar, querem um protagonismo que nem mesmo Jesus se arvorou quando dizia - a respeito das tradições judaicas- que “deveis fazer estas coisas sem omitir aquelas”. 

A Reforma Protestante, não obstante as divergências teológicas que dela advenham; foi um marco importante do qual nem mesmo os chamados desingrejados (fenômeno que quer se referir a pessoas que não frequentam os templos e se organizam informalmente) se podem furtar.

Acho que a essência da mensagem da reforma é aquela que se reforma sempre. Mesmo que isto custe não pôr vinho novo em odres velhos, mas um odre é sempre um odre, mesmo sendo novo, mantém sua fôrma: um odre. Não trazendo, portanto, nenhum ineditismo, por ser o apenas o que é: um recipiente. Trocam-se os odres no espaço e no tempo para que se atenda a dinâmica do vinho. 

E é a dinâmica do vinho que odres velhos não suportam. As instituições cristãs que não dialogam com a complexidade dos dias hodiernos, estão fadadas a desperdiçarem o bom vinho em odres velhos que se rasgam e já não se fazem mais entendidos.

No entanto, esse discurso que se apresenta esteticamente iconoclasta, no sentido de dizer que o que está aí tem que ser destruído, além de retórico para parecer inteligente, não passa de um radicalismo ignorante a semelhança dos radicais do estado islâmico que  não aceitam que a civilização é feita da alternância entre preservação e mudanças. E, em nome da mudança, acham que tudo tem que virar ruínas.

Por Fernando Lima

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