Contribua com a humanidade: faça do limão uma limonada!




Contribuir com a humanidade parece ser o destino de todo o ser humano na terra. E só poderá fazê-lo à medida que sua consciência a respeito seja forjada através do conhecimento, tal como nos é dado através dos séculos: sistematizado e evoluído didaticamente.

Penso que a grande frustração está no percurso dessa conscientização. São vários os fatores, aspectos e perspectivas que justificariam os acidentes ou à privação de um indivíduo a esta consciência. Aliás, são dessas justificativas que nasceram os olhares que posicionam o ser humano como um indivíduo responsável por seus atos ou o insere num grupo onde às privações a esta consciência – de contribuir com a humanidade-  seria culpa de uma coletividade moldadora.

Afinal, ao falar desses olhares, posso referir o filósofo Stuart Mill que alçou o ser humano a sua individualidade e, não sem menos paixão e Inteligência, outro, o filosofo e sociólogo Karl Marx, que o alçou a coletividade.

Acho que contribuir com a humanidade à partir do clamor dos proletários seja mais fácil. E é simples: se torne voluntário de uma ONG qualquer. Assuma uma bandeira. Daquelas que nos tornam bom moço aos olhos do povo ou aquelas que reivindicam “empoderamento, emancipação e cisgeneridade”, coisas desse tipo que faz o Gregório Duvivier se apaixonar.  Aí vem o Nelson Rodrigues e diz que “é fácil amar a humanidade, difícil é amar o próximo”.

E como entender o próximo senão olhando para nós mesmos e constatando que, sendo quem somos, estamos, a per si, fadados a fragilidade da vida e que aqui e ali o banal nos devora, fazendo morrer conosco todas às nossas razões e sentidos como num mergulho nas correntezas do Rio São Francisco.

É por isto que o ensaísta e médico psiquiatra Theodore Dalrymple afirma que sentimentos filantrópicos podem assumir uma infinidade de formatos. E como numa sacada universal, Jesus de Nazaré já dizia sobre amar ao próximo como a ti mesmo. Algo como: antes de sair oferecendo amor ao mundo, aos meninos da África ou aos refugiados da Síria, veja à qualidade de amor que você anda tendo consigo mesmo.

Quando eu estive em várias ações humanitárias, acompanhado de um monte de gente sonhadora que a minha semelhança não tinha dúvidas que o mal existe, pude perceber como são identificáveis esses muitos formatos apontados por Dalrymple; como é mais fácil amar a humanidade, como disse Nelson Rodrigues, e como é sutil e tirano negligenciar o amor a si mesmo para oferecer ao outro o que em você grita como os campos secos do sertão, segundo o que Jesus falou.

Contudo, uma vez que tudo esteja claro em você e para você: o amor torna legítima qualquer ação em favor do próximo ou de um grupo deles.  Toda causa que traga sem si certo messianismo é incompatível para quem sabe que apesar do Bem, o mal está a sua porta. Ainda assim, o amor é um conceito muito amplo e por isto pode ser útil aos muitos formatos.

Mas tudo isto faz parte do processo da consciência sobre contribuir com a humanidade. Pelo menos, creio que você deve ter percebido que não tenho soluções, não é? Nem ousaria tê-las, porque se assim fosse, faria mais uma contribuição para às ideologias que para a civilização. Com isto, não estou dizendo que Stuart Mill, Adam Smith, Karl Marx ou Antônio Gramsci não contribuíram com nada. Aliás, analisando respectivamente estes citados, as gerações posteriores aos dos últimos [ Marx e Gramsci ] parecem não saber conviver com a ideia de que as tradições tais como são, com benefícios e malefícios, é o que nos trouxe até aqui e o que nos torna a civilização que somos.

Assim sendo, creio que não são os iconoclastas, nem os revolucionários [ que acreditam que desrespeitando tradições e anulando todos os tabus] contribuem com a humanidade. 

Quer saber mesmo como contribuir com a humanidade e deixar essa coisa de legado?

Não reinvente a roda.  Tenha vontade: Faça do limão uma limonada!

Por Fernando Lima

Image: charge topnoo.com


Comentários

  1. Muito bom, inclusive para refletir sobre nossas ações, recheadas de boas intenções.

    Isaías Rodrigues.

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  2. Impressionante como aprendo contigo meu amigo!
    Diógenis Santos

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