Deus não está morto, e isto não é problema meu!

Com tanta coisa acontecendo no Brasil, depois do ouro olímpico para a seleção masculina de futebol, lá estava eu assistindo um filme - motivado seja por que for - que me diz que “Deus não está morto”. 

Seja também o título uma resposta a famosa frase do filósofo Nietzsche que diz o contrário ao afirmar que “Deus morreu”-  a verdade é que ao terminar de assistir, me dei conta de que foi mais um daqueles filmes que nós dizemos no final: “nossa, não fui bem na escolha”.

O filme que me parecia no início esse jogo competitivo de lógicas em choque, era, na verdade, mais um daqueles enviesados para o público gospel no intuito de fazer prosélitos.

E... Sabe...Nada me parece mais anacrônico e ultrapassado que as velhas discussões sobre Deus, coisas de sala de aula que alimenta vaidades sobre quem vence na quebra de braço, a teologia cristã ou a ciência?  A criação ou a evolução?



Ora, os amigos que me conhecem e sabem de minha fé pública em Jesus, devem estar  perguntando sobre o porquê desse meu desdém a um filme que quer exatamente provocar a confissão pública da fé em Jesus. Aliás, o filme começa ressaltando essa forma de confissão citando um trecho do evangelho de São Mateus quando Jesus diz “ se me confessares diante dos homens, confessá-los-ei diante de meu Pai, e se me negardes...”, o fim você já sabe.

O filme tem um roteiro simples: um aluno do curso de direito se sente desafiado pelo seu professor de filosofia que com rigor intelectual prega o tema “Deus está morto” e termina com o professor se convertendo como nos filmes de final feliz.

Abro um parêntese: Uma questão insuportável para muitos cristãos é: e, se ele, o professor, morresse ateu? 

Mas esta não é a questão que quero provocar. A questão está naquilo que chamei de anacrônico e ultrapassado. Anacrônico porque é um roteiro previsível e que não dialoga com as questões existenciais mais profundas do mundo contemporâneo, e ultrapassado por insistir na dialética de tese-antítese, algo como: quem caçou mais Pokémon.

Num mundo imediatista e fútil como o nosso, um roteiro assim é receita de sucesso, mas não alcança as noites mais densas de nossas mentes confusas quando, por exemplo, somos obrigados a nos levantarmos todos os dias para cumprir obrigações ou deveres dos quais dependem nossa sobrevivência. Ou quando perdemos um parente querido e nos deparamos com a realidade de que não sabemos quando e como o veremos, exatamente.

Claro que a teologia tem um manual explicativo extenso para responder cada uma dessas perguntas, mas lá no fundo continuamos assustados e surpreendidos pela realidade esmagadora que nos acomete.

Por isto, eu creio que quanto menos certezas eu tenha sobre o céu ou sobre minha transcendência, mais eu sou absorvido por ela – a transcendência- no sentido de que, por ser maior do que minha compreensão, logo toda tentativa de alcançar o pleno entendimento é vã, por isto, melhor que referências bíblicas como mapa, é o testemunho no coração que se traduza em confiança. 

A que chamamos isto? Fé!

A fé é maior que a bíblia ou livro (problemão para os fundamentalistas), embora toda informação seja útil no processo de compreensão da própria fé (até para a distinguir da superstição), ela, a fé, não está condicionada a interpretação apresentada pelo filme de que a confissão pública é a grande sacada para a salvação da alma. Acerca dessas coisas, dizia o teólogo e ensaísta G.K Chesterton: “Existe um caminho que vai dos olhos ao coração sem passar pelo intelecto”.


Fernando Lima







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