Deus, deuses, humanos e bichanos - o problema da linguagem
Em Jó 22, versos 2 e 3 diz:
Pode alguém ser útil a
Deus?/Mesmo um sábio, pode ser-lhe de algum proveito?/
Que prazer você daria ao
Todo-poderoso se você fosse justo?/ Que é que ele ganharia se os seus caminhos
fossem irrepreensíveis?
Muitas são as vertentes
teológicas que justificam a ligação do homem com o Divino, com o Supremo ou com
Deus. Seja o tronco dessa ligação monoteísta ou politeísta, em dado momento,
tudo passa pelo crivo da experiência pessoal de seus fiéis ou cultuadores.
É justamente essa passagem,
ambígua, que esconde grandes mistérios, mas também revela graves limitações. Aliás,
não é mesmo fácil conciliar coisas do Divino (atemporal, incondicional,
imprevisível) com coisas humanas (temporais, condicionais e previsíveis).
Neste sentido, talvez o
politeísmo estivesse à frente do monoteísmo quando mistura deuses e homens na
mesma relação, mas, não consegue escapar da crise de temperamento de seus deuses,
como as pragas de Apolo e a lança de Atenas.
Mas o que toca a Deus?
Ao fazer esta pergunta eu o trago
para o plano de minha fé. Deus pode ser uma palavra que me dá a melhor forma de
explicar a ideia deste texto, afinal, palavras dão nome às coisas, mas quando
se trata de dar nome ao inominável, a gente faz o que muitos fazem quando falam
com seus bichanos, não é?
Então, o que vejo toda hora é
gente falando com Deus de muitas maneiras. Há aqueles que precisam toda hora
afirmar que ele é santo, bondoso, puro, fiel, maravilhoso e...Vai lá...Tem uns
que dizem também que ele é muito louco. Na verdade, o Deus tão professado é
adaptável ao pragmatismo religioso e, a semelhança dos homens, precisa de
afirmação, ops!, de adoração.
Eu acho que Deus na mesa dos debates
filosóficos é mais interessante. Claro, quando não tem um sujeito que faz d’Ele
um objeto de seu estudo. Portanto, a mesa de
debates só é interessante quando ela nos fornece todas as informações sobre “quem
dizem que é” e, ao fazer este trabalho, a filosofia nos salva da paranoia “Deus”
e nos dá a liberdade de ser pego, por aí, por alguma revelação no caminho de
Damasco.
E quanto a você, Fernando, o que
dizes sobre Deus?
Bem... É um pouco do que eu disse
acima. Mesmo assim, toda afirmação que eu fizer d’Ele, nenhuma terá dito exatamente o que
penso sobre como por Ele me sinto amado!
Ele não precisa de nada, eu,
todavia, privado no espaço e no tempo...
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