Sobre o Ideal de Piedade Cristã
Alguém me perguntaria se não é contraditório quando falo que sou uma decepção ao “ ideal de piedade cristã” ao passo que convido a andar comigo na senda do Evangelho. Pois bem, estou dizendo que mais que contraditório: eles são antagônicos!
Quando falo sobre o “ideal de piedade cristã”, estou me referindo a moral religiosa perpetrada ao longo dos séculos, que maculou e feriu a dignidade de milhares de pessoas, sobretudo MULHERES sobre a insígnia dos dogmas, encíclicas papais, postulados, livros, recomendações episcopais e regulamentos institucionais em nome da “santa fé” que reprimiu a sexualidade, criando e reproduzindo os tabus oriundos do paganismo e que estão vigentes até os dias atuais.
Ao longo de minha jornada, vi o “ideal de piedade cristã” matar quatro amigos meus que cometeram suicídio para evitarem o escárnio público que sofreriam ao assumirem suas condições homoafetivas. Dos quatro, um deles era pastor.
Vi o “ideal de piedade cristã” se tornar minha maior neurose, quando eu rogava em penitências diante da frustração de minha capacidade de santificação por mim mesmo, conforme o que se preconiza como “santo”.
Nada é tão antagônico ao evangelho, o Cristo, que “o ideal de piedade cristã”. Tem aparência de santidade, mas não tem valor algum contra a sensualidade.
Por tal ideal, se diz “ganhar almas”, mas ao fazê-lo, fazem, na verdade, “filhos do inferno duas vezes mais”.
O “ideal de piedade cristã” pode ser uma ótima receita para os “seguidores de Jesus” que organizaram sistematicamente o cristianismo, mas é uma péssima degustação para alma humana situada em seu tempo.
Se alguém, porventura, quiser seguir Jesus, fique nu da moral religiosa e terá a densidade necessária da consciência que sabe que o Reino não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no espírito.
Por Fernando Lima
Comentários
Postar um comentário